Amigos do Fingidor

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As barrancas

Maria José Hosanah


                I


Na barra de tua saia,
as barrancas
bordadas na barra
de barro e madeira,
de gentes em bando.

A mulher que se quisera bela
vestira-se de branco,
de cimento e pedra,
de adorno em brinco,
mas mulher descalça.

Na barra de tua saia
rendada,
do barro que pisava,
dos bilros de estacas,
dos berros das gentes
– as barrancas.

A mulher que se quisera bela
ornara-se de rendas,
de salões cristal,
de painéis de lendas,
mas de pés descalços.

Na margem de tua saia,
madeiras moldadas,
marginais de lama,
barradas imagens,
entre o rio e fama
– as barrancas.

A mulher que se quisera bela
fizera-se ilha,
em verde e em rio,
em raízes-pilhas,
em rádios e palhas,
dúplice ao meio
d’argamassa barro.

No friso de tua saia
– Mana-os
guizos e risos,
bardos-bordados,
berros-barrados,
Maninha
as barrancas.