Maria José Hosanah
I
Na barra de tua saia,
as barrancas
bordadas na barra
de barro e madeira,
de gentes em bando.
A mulher que se quisera bela
vestira-se de branco,
de cimento e pedra,
de adorno em brinco,
mas mulher descalça.
Na barra de tua saia
rendada,
do barro que pisava,
dos bilros de estacas,
dos berros das gentes
– as barrancas.
A mulher que se quisera bela
ornara-se de rendas,
de salões cristal,
de painéis de lendas,
mas de pés descalços.
Na margem de tua saia,
madeiras moldadas,
marginais de lama,
barradas imagens,
entre o rio e fama
– as barrancas.
A mulher que se quisera bela
fizera-se ilha,
em verde e em rio,
em raízes-pilhas,
em rádios e palhas,
dúplice ao meio
d’argamassa barro.
No friso de tua saia
– Mana-os
guizos e risos,
bardos-bordados,
berros-barrados,
Maninha
as barrancas.