Nobre
B. Lopes (1859-1916)
Quando eu voltar ao meu castelo, o Sonho,
Brasonado de um lis em campo de ouro,
Onde há muito me espera um anjo louro
De fina palidez e olhar tristonho,
A pedraria que nas rimas ponho
Refulgirá de novo, e o irial tesouro
Terá, então, um brilho imorredouro
E eu de novo terei o estro risonho.
Hoje ainda não! É um campo de batalha
Este viver acerbo e amargurado,
Onde um rebanho de ilusões tresmalha.
Breve, porém, em bálsamos imerso,
Na minha torre heráldica fechado,
Nobreza e graça cantará meu Verso!