(ao descobrir antigos poemas)
A manhã mescla-se à tarde.
O rosto de recente passado
descobre-se dos limos
e penumbras, a cada
lento e fascinado
escavar
de cartas.
Os olhos fúlgidos de agora
alentam letras de outrora:
alojados nos quartos
opacos dos fonemas estão
as falas, ruas e claustros.
A mesa imensa da solidão.
O afago de tua fala não mais
acolhe o imaginário baú das lembranças
gritantes, mas encobre
do presente, o astro que antes sorria
(agora quase morto).
Falta de calor numa chuva fria.