Pedro Cardoso (1890-1952)
A minha Pátria é uma montanha
Olímpica, tamanha!
Do seio azul do Atlântico brotada
E aos astros com vigor arremessada
Pelo braço potente do Criador,
Sobranceia cem léguas em redor.
E tão alta que acima do seu cume
Só o plaustro de Apolo coruscante,
Só o bando estelar de águias de lume
E a mente ousada de um Camões ou Dante!
Como é formosa
E majestosa
A minha amada
Terra natal!
Quer do Sol sob a clâmide doirada,
Quer da Lua sob a lúcida cambraia,
é tão formosa que não tem rival!
Além das nuvens alevantada,
O bravo Oceano a seus pés desmaia!
Para a gloria do mando fê-la Deus
Altiva e forte, generosa e brava:
Assim foram outrora os filhos seus!
Se lhe palpita o coração robusto,
Em derredor tudo estremece logo:
Pálida e fria de pavor a Brava,
E, em ânsias, Santiago e o Maio adusto.
Fala... e as palavras fluem em torrentes
De lavas rugidoras e candentes...
Na verdade, escutai! — chama-se Fogo!
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Quando vier, Pátria amada,
A morte p'ra me levar,
Deixa-me a fronte cansada
Em teu seio repousar!