Dâmea Mourão
De amarelas nuvens em diáspora
faço pungente a minha alvorada
em toques tortos de pés alados
faço serpente minha caminhada
Sou amarelo ser sem diástole
diante da mata queimada
Há troncos sem seiva, cortados
diante da muda levada
E segue a vida derrubada
E segue a morte levantada
da verde senhora, nossos ombros
Sombras na verdadeira riqueza
atacam a derradeira beleza
que ainda resta dos escombros
Sob esse seio
sou serva em sístole
Sigo sentindo
o sussurro sofredor:
Salvem o grito de socorro
sai sangue quando
cega serra assalta
a senhora
seiva deste mundo
– surdo.