Amigos do Fingidor

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Senhora devastada

Dâmea Mourão


De amarelas nuvens em diáspora
faço pungente a minha alvorada
em toques tortos de pés alados
faço serpente minha caminhada

Sou amarelo ser sem diástole
diante da mata queimada
Há troncos sem seiva, cortados
diante da muda levada

E segue a vida derrubada
E segue a morte levantada
da verde senhora, nossos ombros

Sombras na verdadeira riqueza
atacam a derradeira beleza
que ainda resta dos escombros

Sob esse seio
sou serva em sístole
Sigo sentindo
o sussurro sofredor:

Salvem o grito de socorro
sai sangue quando
cega serra assalta
a senhora
seiva deste mundo
– surdo.