Sonho
Th: Vaz (1869-1921)
De noite sonho e nesse sonho vejo
Formosa dama que fascina e encanta.
Tenho-a bem perto, seu olhar espanta
De minhas mágoas o infernal cortejo.
Rosas florescem no seu rosto, o beijo
Na rubra polpa de seu lábio canta,
Há na sua voz tanta doçura, tanta,
Que eu cuido ouvir um doce e vago arpejo.
Desperto enfim, nada mais vejo! agora
Tudo deserto! A noite finda, a aurora
Uns tons sanguíneos pelos céus derrama...
E desde então (ó fantasia! ó sonho!)
Por toda parte o meu olhar tristonho
Anda à procura da formosa dama.