felino sorriso branco
no chão de cal da memória
alva em seu vestido neve
diáfana caçadora
nasce a moça na candura
da manhã feita de anil
cabelos de longa dança
e suaves tons amarelos
sopram seda sobre o colo
casulo onde a moça guarda
com rigores de clausura
vontades elementares
à sombra do véu que a veste
adivinho o ventre lânguido
feito de leite e de espuma
quando a moça num meneio
gira em torno da canção
que se revela aos meus olhos
em largos gestos de adeus
a moça cavalga o vento
gargalhando epifanias
deserdando-me de mim
clara clara plurialva
sob o sol do meio-dia
(mas os pelinhos da moça
só depois eu pude ver
são da cor noite-sem-lua
selva de negra folhagem
limalha palha fuligem
vertigens de anoitecer)