Amigos do Fingidor

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Poesia em tradução

Um parque de diversões na cabeça – 16
Lawrence Ferlinghetti
O Castelo de Kafka ergue-se sobre o mundo
como uma última bastilha
do Ministério da Existência
Seus acessos cegos nos confundem
Rotas íngremes
partem dele em direção a lugar algum
Estradas irradiam-se pelos ares
como um labirinto de fios
de uma central telefônica
através da qual todas as chamadas
mergulham no infinito insondável
Lá em cima
reina um clima perfeito
As almas dançam nuas
em grupos
e como vagos vadios
nos arredores de uma feira
Cobiçamos o inacessível
mistério imaginado
No entanto na parte de trás do castelo
como na entrada para o picadeiro de um circo
há uma fenda profunda, profunda nas muralhas
através da qual até os elefantes
podem entrar dançando

(Trad. Eduardo Bueno)