Zemaria Pinto
A negra cabeleira emoldurando
a pele cor de rosa, o lábio rubro,
a boca de palavras provisórias
e o beijo proibido aprisionado.
A tarde, uma serpente feita em fogo,
cativa nos limites da vidraça,
escarne à timidez de nossos gestos,
de línguas e sussurros transbordantes.
A carne decifrada sob o jeans
traz úmidas lembranças aos sentidos:
canções perdidas numa tarde gris.
De volta em mim, a mim não reconheço,
pastor de vícios cultivando flores,
como esta orquídea que te oferto agora.