Zemaria Pinto
palavras são pedras frias à margem
da estrada que atravessa o automóvel
são peixes mortos de dominga feira
cavalos pastando plástico e aço
palavras são carcaças na corrente
lavada em mercúrio e lama são galos
sem manhã cachorros atropelados
espelhos estilhaçados disparos
dispersos cabe ao poeta cuidar
que o lixo em transubstância invente
a dura geometria do poema
e o barulho o mau cheiro a porcaria
sobrepairem no éter sublimados
em cor ritmo imagem e harmonia