Nei Leandro de Castro
Posto que o amor é fruto, e não semente,
resta colhê-lo.
Alcança com a mão a fruta fálica,
toma-a entre os dedos tão de leve
que a faça vibrar, já sazonada
pelo calor que emanarás.
A penugem do pêssego (inventemos)
deve cair sobre os teus lábios e a boca
de avidez serena,
até que o fruto, feito pássaro,
tombe trespassado de chumbo.
Posto que o amor é amor,
cumpre sugar a flor, o pólen, o sal,
a cor da fruta vulvar disseminada,
seminada.
A linguagem do amor é infecunda
como um poema,
apenas lança o seu destino, tece
o fio bem finito do orgasmo:
órgão, asma.
Posto que o amor é tudo e nada
tese e síntese
linguagem que falo,
resta aviá-lo: imagem/fruto/falinguagem.