A festa do caium
Theodoro Rodrigues (1873-1913)
No espaço o maracá selvagem chocalhando,
No terreiro da taba em círculo formada,
A cabilda feroz, em festa vai cantando
Os feitos geniais da prole antepassada.
A um canto, triste e só, aquela cena olhando,
Co’a forte “mussurana” ao poste acorrentada,
A vítima infeliz sente que vai chegando
O momento fatal de ser sacrificada.
E no auge do festim avança – hora suprema!
Enraivecido, o algoz, vibrando a tangapema,
Tomba a vítima... o sangue, em jorros, espadana.
E naquele furor os membros espedaçam...
Deitando-os no “bucan” as velhas esfumaçam
E a rir vão banquetear-se em rubra carne humana.