Amigos do Fingidor

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Estante do tempo

A festa do caium
Theodoro Rodrigues (1873-1913)


No espaço o maracá selvagem chocalhando,
No terreiro da taba em círculo formada,
A cabilda feroz, em festa vai cantando
Os feitos geniais da prole antepassada.

A um canto, triste e só, aquela cena olhando,
Co’a forte “mussurana” ao poste acorrentada,
A vítima infeliz sente que vai chegando
O momento fatal de ser sacrificada.

E no auge do festim avança – hora suprema!
Enraivecido, o algoz, vibrando a tangapema,
Tomba a vítima... o sangue, em jorros, espadana.

E naquele furor os membros espedaçam...
Deitando-os no “bucan” as velhas esfumaçam
E a rir vão banquetear-se em rubra carne humana.