Zemaria Pinto
É madrugada. O ritual dos parvos
faz-se preciso e lento. Peregrino,
meu corpo vertical é um fantoche
cambaleando em cordas invisíveis.
Já não sei quem sou. Naves de papel
num circunscrito céu circunvoluem
entre as amarras de concreto gris
e bandos vira-latas de mendigos.
De repente, uma pomba rasga o ar
num pardacento feixe de luz. Não,
nenhum olho fixou aquele instante,
preciso instante feito de lampejos.
De mim desperto, silencio o grito
que se formara exausto no meu peito: