Lau Franco
E assim vai o dia
no calor equatorial dos infernos
O asfalto evapora as almas
de quem, sob frágeis pés, alcança cada espaço
e atravessa rios de peixes metálicos,
nadando ao lado de dragões mecânicos enfurecidos
Lá se vão as gentes: sobem, descem, entram e saem
num mar de urbana barbárie
engolidas por concreto e alumínio
de um cotidiano cinza-esverdeado
Levam no peito corações e sonhos e intenções e desejos
consumidos todos pela velocidade vazia da pressa
E haja barrigas para empurrar este mundo