Amigos do Fingidor

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Epifania poética

Nelson Castro
Para Tenório Telles

Estilhaçado sobre o nada, o vitral
reflexo d’um mito derrotado.
No espelho outra face espectral
reflete como metáfora.

A pedra gênese do mal
reflete o bem ausente
o sentimento antípoda à virtude
reflete a forma estranha
a violência simbólica, a vil atitude.

O equilíbrio distante...
nos aproxima do abissal
ou nos torna estátua de sal
preciosos instantes perdidos
a cada virada da ampulheta.

O livro apócrifo, a liberdade
do império dos sentidos
tem nos feitos neo-escravos
de nossos próprios instintos.

Assim o sentido da vida
é um libelo de um tempo sem utopia
de um lugar sem jardim sem poesia
reflexo inverso de ser feliz.
Porém...
nem tudo está perdido
o poeta ratifica
no poema em matéria densa
a presença do amor para sempre escrita.