Amigos do Fingidor

terça-feira, 15 de setembro de 2009

É mentira o que dizem estes senhores...

Bosco Ladislau


É mentira o que dizem estes senhores todos – estes
que afirmam identificarem-se com a geração subjugada,
mas que nunca trazem as mãos fedendo a cigarro barato
e nem recebem salário mínimo.

São, apenas, arautos
das Nações e de Sociedades
(corruptas e criminosas como as noites do Terceiro Mundo).
Disto sabem os deuses e os governantes
que nos conduzem à desgraça
quando simulamos a dissolução de seus sacramentos.
Disto sabem os deuses e os governantes
que nos limitam a uma existência louca.
É uma existência súbita e cruel;
como o preço do pão,
como a falta do feijão,
como os 99 cruzeiros mensais
das professoras do Nordeste
no Hemisfério Ocidental,
como os 60% de desempregados
de algum lugar dispensados
em 1976,
como os crimes
que cortam as tardes no Hyde Park
ou na Praça da República!

Estes são os homens de ternos cinzas;
meros executivos que lêem García Lorca,
ou fazem grandes projetos para o amanhã.
No fim do dia
discutem entre si e dizem:

“Como são estranhos os homossexuais e as prostitutas que se beijam
e se consolam na desgraça... Complexos são os camponeses que trabalham
fazendo canções... Ordinários são os poetas, que falam de amor e do
Oceano Pacífico apenas para revelarem o choro dos oprimidos...”