Rafael Marques
O caminho que escolhi
É adverso dos trilhados pelos gaviões,
No entanto, me elevam aos céus
Por mim nunca pensados.
No caminho que escolhi
Encontro a mim mesmo
Na extensão limitada
De luz que carrego
No ego esgarço de carne
Condenada.
O caminho que escolhi
Não me deixou escolha
Senão o de abandonar,
Luz da tarde apodrecendo,
Ermidas e edifícios
Na corrosão feita de tempo e descaso.
Minhas mãos não podem tocar
A insaciável mudança
Que devora casas e amigos,
Que devora meu próprio rosto
Refletido no espelho.
No caminho que escolhi
Deixei a musa
E dez anos de amor
Que a eternidade reclama
Serem poucos demais.
(Posso ter trocado uma aurora inteira
Por restos pequenos de sol).
Todavia, é hora de trabalhar.
Traço forçoso que desce do braço
Constrói, passo a passo,
A imensidão do caminho...
...do meu caminho.