Amigos do Fingidor

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estante do tempo

Coreto
Aurolina de Castro (1933-2004)



Onde estão agora os coretos
com a banda de música, nossas
algazarras e brincadeiras?
Ainda se encontram alguns
pelos subúrbios distantes.
Sem mais aquela significação,
lá estão eles, vultos manietados,
sem qualquer movimento,
da vida nova marginalizados.
Lembrá-los é trazer de volta
um tempo sem televisão.
É retornar à grande espiral
que em torno de seu eixo se fazia.
É circular lado a lado
de inquieta criançada. É rever
a gente simples, que buscava alegria
na banda de música que ali tocava,
nas tardes domingueiras.
Remanso de descontração,
de despretensiosa alegria,
ao jeito da primavera,
em torno do coreto
se desfrutava prazerosa atmosfera.