Amigos do Fingidor

quarta-feira, 3 de março de 2010

poema inconcluso

Zemaria Pinto



uma estrela de gás refinado
rasgou o céu sobre o Negro
quando você disse sim

um turbilhão de ânsias
coração a coração – invadiu-nos

e a linguagem dos corpos negava
tuas palavras negando o que teu corpo
todo teu corpo – gritava

(conosco
a anatomia ficou louca)

e eu atirei-me ao precipício

antes mesmo de alcançá-lo
como temesse perdê-lo:
                                      não havia espaço para o voo.

mas haveria um poema a ser escrito
                        – o mergulhar no desconhecido
                           o flutuar na escuridão
                           o deixar-se levar pela paixão
sendo ave, homem e deus alguns segundos

esse poema
              eu o escreverei
       no teu corpo!