Zemaria Pinto
uma estrela de gás refinado
rasgou o céu sobre o Negro
quando você disse sim
um turbilhão de ânsias
coração a coração – invadiu-nos
e a linguagem dos corpos negava
tuas palavras negando o que teu corpo
todo teu corpo – gritava
(conosco
a anatomia ficou louca)
e eu atirei-me ao precipício
antes mesmo de alcançá-lo
como temesse perdê-lo:
não havia espaço para o voo.
mas haveria um poema a ser escrito
– o mergulhar no desconhecido
o flutuar na escuridão
o deixar-se levar pela paixão
sendo ave, homem e deus alguns segundos
esse poema
eu o escreverei
no teu corpo!