Amigos do Fingidor

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quando eu seguir teus passos

Rafael Marques


Quando eu seguir teus passos,
quero que me deixes a luz;
a mesma que me fez ver os laços
que me prendem aos lábios azuis

Da ternura constante que trazias.
Não vou andando certo agora,
amanhã entenderei as harmonias,
porque sei: vou no rumo da aurora.

Não vais ao meu lado
nem eu vou como antes,
álgido se fez o passado
refletido em secos instantes.

Casas, luzes, néon, alabastros,
o vento, a pena, palavras, papel:
imagens fugitivas com ânsias de astros
e logo espelhadas nos olhos do céu.

Maior sorte eu tive
e não sei o que construir
talvez o bom convívio que vive
onde estás e eu não posso ir.

Eu não vou como antes;
em falso, já andei a esmo;
formaste-me em doces instantes,
olho-me e não sou o mesmo.

Continuas sendo em teu imo,
enluarado fica onde passas;
como música em rosto de limo,
pousa nos livros, peitos e nas praças.