Caçando faisões num milharal
Robert Bly
I
Que há de tão estranho numa árvore solitária em campo aberto?
É um chorão. Ando em volta dele.
O corpo, estranhamente atraído, não posso deixá-lo.
Finalmente me sento debaixo de toda essa tristeza.
II
É um chorão solitário em alqueires de milho.
Suas folhas se espalham em volta do tronco e em volta de mim,
Amarelas essa época, e manchadas de delicado negro.
Apenas o eco do milharal murmura no vento um segredo.
III
O sol é frio queimando por distâncias glaciais de espaço.
Tempos atrás sementes gelaram até a morte.
Por que então amo perscrutar
O sol penetrando na pele entregelada dos galhos?
IV
A mente derrama folhas solitárias anos a fio.
Mantém-se afastada com pequenas criaturas próximas às suas raízes.
Sinto-me feliz neste lugar antigo,
Um ponto facilmente avistado acima do milharal,
Como se eu fosse um filhote pronto para retornar à casa no fim do dia.
(Trad. Luiz Olavo Fontes)