Amigos do Fingidor

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estante do tempo

Chegando
I. Xavier de Carvalho (1872-1944)

Venho mesmo não sei de que Degredo
Improvisando altares no caminho,
A rezar, de olhos fitos no arvoredo,
Missas Negras sem hóstias e sem vinho.

Lá nos conventos monacais do Medo
Tomei de um frade este burel de linho...
E, da Vida no estúpido rochedo,
Eis-me na encosta a caminhar sozinho.

Poetas de todo o Mundo, vinde ouvir-me!
– Que um Monge Bom, com os olhos rasos d’água
Quase às portas da Morte, porém firme,

Vai produzir, numa oração sentida,
Desse intangível púlpito da Mágoa,
Todo um sermão de Lágrimas à Vida!