Amigos do Fingidor

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Estante do tempo

Lago maldito
Jonas da Silva (1880-1947)


Se hoje, em surdina, o teu pesar disfarças,
Ouvindo o canto às jaçanãs morenas,
Sentes, minh’alma, as aflições e as penas
De um lago azul sem jaçanãs nem garças.

Lago em que havia à superfície esparsas
Grandes vitórias-régias e falenas
E em que hoje existe a canarana apenas
E são as praias matagais e sarças...

Senhora, olhai, vede esta cena, em mágoa...
Um peixe enorme agita as barbatanas
Fazendo um grande redemoinho n’água...

Morre aos venenos do timbó medonho...
– Assim tombei nas lutas desumanas,
Tal a Descrença envenenou-me o Sonho!...