Pelarga
passa correndo o correio
rua Borba, 195
tem um sonho pra mim?
– não, não veio!
passa o correio correndo
rua Borba, 195
tem uma esperança pra mim?
– não, não estou vendo!
passa velozmente o correio
no suor do carteio, nenhum sonho
nem uma tênue esperança.
– sangra o amor no seio!
deixo-me ficar inerte
entre o azul desbotado
da esquadria da porta.
– chora a saudade em desenleio!
minha alma de mão posta
esperando inutilmente
na infindável ausência
da tua carta-resposta.