O Uirapuru
Barreto Sobrinho (1891-1934?)
Quem passa sobre os rios
dessa região imensa,
ouvindo os berros, os cantos, os gritos, os pios
da população selvagem, pensa
que aquela musicalidade
extraordinária
é a voz tumultuária
de uma calamidade...
Entretanto
destaca-se entre a grande balbúrdia
a expressão original, estúrdia
de um canto
dalgum duende
que ninguém entende...
Todos os brutos, animais e aves,
dentro do coração
da floresta, ouvindo os tons suaves,
cheios de estupefação
ficam calados
e maravilhados!
O duende-pássaro que na floresta apareceu
é alma de Orfeu!...