Alma de marujo
Mavignier de Castro (1891-1970)
Amo, às vezes, fitar como os marujos
do velho cais, ao céu crepuscular,
o perfil oscilante dos saveiros
e o adeus das velas para o meu olhar.
Ao contato dos barcos forasteiros,
sinto em mim o desejo singular
de correr mundo como os marinheiros,
de ser marujo dominando o mar...
É que, de certo, em épocas remotas,
as minhas ilusões foram gaivotas
no anil dos mares, ao rugir do Sul...
E, além seguiram – desgraçadas delas! –
o roteiro de sol das caravelas
talvez perdidas nesse abismo azul!...