Amigos do Fingidor

sábado, 4 de outubro de 2008

Poesia em tradução

O Tigre

William Blake (1757-1827)

Tigre! Tigre! Brilho, brasa
Que à forma noturna abrasa,
Que olho ou mão armaria
Tua feroz simetria?

Em que céu se foi forjar
O fogo do teu olhar?
Em que asas veio a chama?
Que mão colheu essa flama?

Que força fez retorcer
Em nervos todo o teu ser?
E o som do teu coração,
De aço, que cor, que ação?

Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
O moldou? Que mão, que garra
Seu terror mortal amarra?

Quando as lanças das estrelas
Cortaram os céus, ao vê-las,
Quem as fez sorriu talvez?
Quem fez a ovelha te fez?

Tigre! Tigre! Brilho, brasa
Que à forma noturna abrasa,
Que olho ou mão armaria
Tua feroz simetria?

(Trad. Augusto de Campos)