Amigos do Fingidor

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

canção da moça da praça

Zemaria Pinto

leve feito uma asa-delta
a moça atravessa a praça
na tarde lavada em gris

a moça não anda, plana
vestida de azul-turquesa
nas asas dum bem-te-vi

(a chuva não molha a moça
que flutua sobre a praça
espargindo girassóis)

sons e cores arquitetam
um carnaval inquieto
ao tênue passar da moça

súbito, a escuridão
invade a praça de chumbo:
evola-se a moça em nuvens

(a moça deixa no ar
uma estranha melodia
de perfumados silêncios)