Amigos do Fingidor

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

a casa perscrutada – varanda

Zemaria Pinto

as estrelas na varanda
sussurram nos meus ouvidos
poemas de amor e ódio

insônia, pânico, estresse
a madrugada é uma fera
engendrada em pesadelos
figurados na vigília
que nos lacera a vontade
no severo dia-a-dia

o Cruzeiro aponta o norte
como um palhaço chorando
sobre a cidade invisível;
o luzeiro levantado
esparge trevas nos olhos
e muda o sono em ruína

se é tempo de temporal
os relâmpagos coriscam
rebrilhando a oriente
feito curumins brincando
– a chuva lava meu peito
na noite dentro da noite

na manhã descortinada
a dissonância dos pássaros
denuncia o novo tempo:
saindo da letargia
o corpo aos poucos se esperta
e entra em trabalho de sonho

o sol que a manhã levanta
reverbera em minha cara
poemas de amor e ódio