Amigos do Fingidor

sábado, 25 de dezembro de 2010

Poesia em tradução

A tela
Efraín Rodríguez Santana




Na praça há uma vaca e está amarrada
e junto à vaca aparece uma tela de televisão,
chove dentro dessa tela, é uma imagem superposta,
sentem-se a umidade e o gotejar veloz da chuva,
mas também poderia ser a película da água sobre um campo gris,
mas também poderia ser o remanso da água sobre a crista
        de uma onda,
mas também poderia ser o cristal de um aquário encostado
        ao cristal líquido da televisão.
As pessoas fugiram da praça e se refugiaram nas casas,
não querem ouvir esse borbulhar sobre as janelas e os tetos.
Não importa que a água caia sobre aquela imagem perturbadora,
como nas velhas sequências de naufrágios as cabeças aparecem
e os corpos estão cortados e as mãos se inclinam em um sentido
        e outro.
A tela não encerrará seu programa, eles estão mortos de medo,
é a praça principal do mencionado país.


(Trad.: Claudio Daniel)