Amigos do Fingidor

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cântico dos cânticos

Renata Pallottini




O meu amor é meu e eu sou dele.
O linho horizontal é nossa casa
e eu me aninho a dormir sob sua asa;
amo-o com minha boca e minha pele.

Ele é quem vela e não me diz que vele
porque sua é a chama e minha a brasa.
O seu fervor ao meu fervor se casa,
clara coma de luz que nos impele.

Desci ao campo raso: ele é meu campo
onde me deito e a erva se derrama;
é meu olhar que voa, pirilampo.

Sem terra, irei por terra; ele me chama.
Vou sem saber por onde, ao mar ou monte.
Sem sua boca eu já não sei ser fonte.